Desde março deste ano, os municípios de todo o Brasil estão enfrentando sérias dificuldades para gerir o Programa Bolsa Família. O motivo é a falta de integração entre o novo Cadastro Único e o SIBEC (Sistema de Benefícios ao Cidadão), ferramenta essencial para ações como bloqueio, desbloqueio, cancelamentos e inclusão de novos beneficiários.
Segundo informações de gestores municipais e estaduais, a Caixa Econômica Federal, responsável pela execução dos pagamentos, não tem recebido as atualizações do novo sistema do CadÚnico desde março. Isso tem gerado uma série de problemas em cadeia:
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Famílias que regularizaram ou atualizaram seus dados continuam com o benefício bloqueado ou cancelado, sem perspectiva de retorno.
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Novos cadastros feitos de março até agora ainda não repercutiram no sistema, impedindo que essas famílias sejam contempladas com o auxílio.
Essa situação se agravou nos últimos dias. O Informe nº 083, publicado em 12 de junho, previu que a integração dos dados ocorreria entre os dias 13 e 15, período em que tanto o CadÚnico quanto o SIBEC estariam fora do ar para atualização. O cronograma inicial indicava que tudo estaria normalizado até segunda-feira (16/06) — o que não aconteceu.
Nos bastidores, em grupos de gestores estaduais, circulou a informação de que o retorno teria sido adiado para o dia 17, depois para o dia 18. No entanto, um novo informe oficial (nº 085, desta terça, 18 de junho), frustrou novamente as expectativas:
“Em complemento ao Informe BF 083, informamos que, em razão do elevado volume de informações cadastrais coletadas entre março e junho de 2025, será necessário estender a indisponibilidade do SIBEC também para o dia 18/06, para finalização do processamento de qualificação das informações.”Segundo o documento, a nova previsão de retorno do sistema é para segunda-feira, 23 de junho.
Municípios sobrecarregados e responsabilizados
Enquanto isso, os municípios seguem sobrecarregados, com os setores do Cadastro Único e da Assistência Social enfrentando uma avalanche de cobranças por parte da população. Beneficiários revoltados lotam os CRAS (Centros de Referência de Assistência Social), buscando explicações que os técnicos municipais não têm como oferecer.
“A população quer resposta, mas nós também estamos no escuro. O sistema simplesmente não responde. A culpa está caindo nos nossos ombros, como sempre”, relatou uma gestora de assistência social da Paraíba.
Desde que o novo CadÚnico foi lançado com promessas de inovação e modernização tecnológica, o que se viu na prática foram inconsistências, atrasos, instabilidade nos sistemas e aumento da responsabilidade municipal — sem que os governos federal e estadual oferecessem suporte ou se posicionassem publicamente para esclarecer à população.
População sem resposta
A ausência de comunicação oficial direta com os beneficiários está agravando ainda mais o problema. Sem esclarecimentos públicos por parte do governo federal ou da Caixa Econômica, a indignação popular cresce, e os municípios acabam sendo responsabilizados pelas falhas de um sistema nacional.
A expectativa agora é que, de fato, o sistema volte a operar na próxima segunda-feira, 23 de junho. Até lá, milhares de famílias seguem em incerteza quanto ao recebimento do seu principal sustento: o Bolsa Família.
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