Situação do Yayu Clube em Santa Luzia gera discussão sobre o Clube Recreativo em São José do Sabugi
A recente decisão da Prefeitura de Santa Luzia em desapropriar o terreno atualmente ocupado pelo Yayu Clube, declarado de utilidade pública e interesse social por meio de decreto publicado na última quarta-feira (28), reacendeu debates em cidades vizinhas sobre a ocupação e funcionalidade de espaços similares — especialmente em São José do Sabugi, onde o Clube Recreativo Sãojoseense encontra-se em situação de abandono institucional há anos.
O caso de Santa Luzia
Segundo o decreto oficial, a área do Yayu Clube, localizada no Bairro Antônio Bento e registrada sob o Cadastro Imobiliário nº 04.029.0030.00001, será desapropriada para atender a finalidades esportivas, culturais e sociais, com possível parceria na área educacional. O município aponta que o espaço não está sendo utilizado de forma devida, e que o imóvel estaria inclusive obstruindo o traçado normal da Rua Florentino de Souza. O valor venal da área foi estipulado em R$ 124.445,90, segundo avaliação da Comissão Municipal.
A medida gerou reação imediata da diretoria do clube, que usou as redes sociais para criticar o valor proposto e classificou o ato como uma "surpresa audaciosa". Os associados já se articulam para discutir uma resposta conjunta, questionando a avaliação do imóvel e sua destinação.
E em São José do Sabugi, o que fazer com o Clube Recreativo?
A movimentação em Santa Luzia gerou reflexões em São José do Sabugi, onde o histórico Clube Recreativo Sãojoseense encontra-se em situação ainda mais crítica. Diferente do Yayu Clube, o espaço não possui uma diretoria atuante, não realiza eleições há anos, e tampouco promove eventos — com paralisação das atividades registrada muito antes da estagnação do clube luziense.
Hoje, São José do Sabugi não dispõe de um espaço público adequado para eventos culturais, sociais ou governamentais. Todas as ações do poder público e da sociedade civil acabam se acomodando de forma improvisada em espaços limitados, como o auditório da Secretaria de Educação, o pátio do CRAS ou até mesmo as escolas da rede municipal.
A quadrilha estilizada Caapoá, um dos principais grupos culturais do município, realiza seus ensaios literalmente no meio da rua, por falta de alternativa. Fóruns, conferências, oficinas e outros eventos da Assistência Social e da Educação também são realizados em locais pequenos, sem estrutura adequada.
Necessidade pública ou descaso coletivo?
O debate que se ergue é: até que ponto se deve esperar pela reativação de espaços que, na prática, deixaram de cumprir sua função social? No caso de São José do Sabugi, a ausência de uma diretoria ativa e de utilidade coletiva efetiva do Clube Recreativo contrasta com a crescente necessidade da população e do poder público por ambientes estruturados para convivência, cultura e participação cidadã.
A discussão em Santa Luzia pode, portanto, servir como ponto de partida para São José rever o destino do seu próprio espaço urbano — e, talvez, iniciar um processo legal de reavaliação do uso do Clube Recreativo, à luz da Constituição e do interesse público, como fez o município vizinho.
Enquanto em Santa Luzia há conflito entre o poder público e uma associação ainda organizada, em São José do Sabugi o vazio de gestão sobre o clube deixa um vácuo não apenas legal, mas principalmente social — e a população continua pagando por isso, improvisando cultura e cidadania onde for possível.
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